A palavra inglesa “crucible” tanto significa caldeirão quanto julgamento. O caldeirão pode ser o dos alquimistas ou o das bruxas. Tanto os alquimistas quanto as bruxas já estavam condenados ao fogo, antes mesmo do fim de suas inquisições: o fogo punitivo, se negassem as culpas que lhes eram imputadas; o ...
Leia Mais »PARA FAZER O RETRATO DE UM PÁSSARO
Compartilho com todos, hoje, minha versão do famoso “Pour faire le portrait d´un oiseau” do grande Jacques Prévert: Desenhe primeiro uma gaiola Com a porta aberta. Pinte depois Algo de belo Algo de simples Algo de bom Para o pássaro. Pendure então a tela em uma árvore Num bosque ...
Leia Mais »CATAR FEIJÃO NA MÁQUINA DO TEMPO
Esqueci onde tinha estacionado o carro e um amigo me zoou: “Isso é problema de DNA”. Então lembrei a ele que, hoje, todo mundo com mais de dezesseis anos está na vala comum da data de nascimento antiga: todos nascemos no século passado. Meu amigo, que tinha lido o Umberto ...
Leia Mais »A BALA, O BISCOITO E A FLOR DE LÓTUS
Eu me lembro de um tempo em que as formas, as cores e os sabores dos produtos não estavam desvanecidos na entropia promovida pela sociedade de consumo. Dentro desse tempo, minha memória recorta um momento particular em que pedi a minha mãe uma bala; enquanto ela pegava essa bala, numa ...
Leia Mais »A IDADE DA TERRA
Naquele tempo a Terra começaria a receber visitações. Para alguns, os Visitantes eram criaturas sobrenaturais, Anjos e Demônios; para outros, tratava-se de alienígenas extraterrestres. Fosse o que fosse, o Visitante nunca se apresentava na forma de um ente, mas se manifestava como um fenômeno: anunciado por um estrondo formidável, ...
Leia Mais »EVA E AS UVAS
Vendo o rubro e rútilo cacho de uvas lá no alto, ela chegou à conclusão de que seu nome deveria ser Eva, porque nas velhas cartilhas estava escrito que Eva viu a uva. Também concluiu que era uma raposa, pois ela se pega num fingido desdém pelas uvas, fora do ...
Leia Mais »SIMPATIA POR VAMPIROS
Acabo de viajar pela África do século XIX, através de uma narrativa intitulada “PANDORA EN EL CONGO”. Nela, o catalão Albert Sánchez Piñol aborda o absurdo das relações entre colonizadores e colonizados, pelo viés da farsa e da fantasia. Tal absurdo faz com que o personagem-narrador comece a perder a ...
Leia Mais »SONETO PARA CORRUPTOS
Roubou o anel da mão que fez o parto e bateu a carteira do parteiro, deu arrastão na turma do berçário, furtou o leite do irmão de peito. Este promete! Há de ser prefeito, disse o padrinho; vai ser deputado, previu vovô – e mais: não satisfeito, ele será um ...
Leia Mais »DAVID BOWIE E O SACI
Assombração sabe para quem aparece, diz Ana Maria. O que Ana Maria fala eu escrevo. E, para escrever sobre assombração, nada melhor que voltar ao sítio da Dona Benta, onde tudo se encanta e desencanta misturadamente. É lá que ouvimos a conversa entre Saci e Pedrinho, em que o encantado ...
Leia Mais »A TORRE DE BABELÔNIA
Vencida a última duna do deserto, chegou a Babelônia a caravana dos mineiros que iam perfurar a abóbada celeste. Desapeados dos camelos e dos dromedários, os homens descarregaram as ferramentas do lombo dos onagros e se dirigiram para o acampamento ao pé da Torre. Lá se confraternizaram com os pedreiros ...
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